segunda-feira, 18 de junho de 2012

O Corpo


O Corpo cansado
Adormece
Inda sonha
Que anda, que mexe
E remexe
Que esquece uma dor
Faz uma alusão
Fantasia uma cor
Sonha ser um Salvador Dali
Mascando chicletes
Enquanto masca o lençol
Rumina feito boi num bruxismo
Sente dor de cabeça
No dia seguinte
É rei em roupa rota de pedinte
Que suplica uma rota, um rumo
Implica com uma bruxa
Que lhe faz feitiçaria
Mistura de uma boa dose de loucura
Com gelo de dor e gotas de doçura
De tão bêbado cambaleia
Até acredita que é baleia
Que voa livre no mar
Pelado pela casa sonambula
Pois a alma perambula
No paraíso
Por isso fala sozinho
Conversa com Deus
Na noite muda
Um Deus que lhe escreve
Em linhas retas
Em linhas tortas
E até onde não há linhas
Sonha que é Destino
Casando-se com a Sorte
Revê um ente querido
Brincando como menino
Fruta madura colhida
Da Árvore da vida
Plantada na Terra do Nunca
Sonha com o Salvador ali
Um Messias a apontar-lhe um norte
No sentido contrário
Um Sul real
Sonha estar numa queda
Um abismo profundo
Assustado, acorda
Pois não deseja a morte.