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Não sou a fornalha que move o trem
Sou o som do apito cantando passagem
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Não sou o solitário à espera de alguém na estação
Sou o trem atravessando o sertão
Não sou o poeta na janela do trem
Que contempla melancólico a paisagem de outono
Sou o Ipê caducifólio de pé na estação de inverno
Esperando com fé a estação da primavera
Não sou o velho caduco que perdeu a bagagem
Sou o operário queimando carvão na fornalha
Não sou o trem atravessando o sertão
Sou o passageiro fazendo a viagem
Não sou a mala carregada na mão
Sou a estação vendendo passagem
Sou o passageiro fazendo a viagem
Não sou a mala carregada na mão
Sou a estação vendendo passagem
Não sou as rodas que se movem nos trilhos
Eu sou os dormentes sustentando um destino
Não sou a fornalha que alimenta o movimento
Eu sou a fumaça que se perde no vento