quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Estranhas Iguarias

O banquete já está posto
Entre as iguarias que conheço
Estão preparados animais estranhos a mim:
Quadrúpedes, répteis da terra e aves do céu
Sobre um límpido forro de linho branco.
Meus sentidos se me arrebatam
Estou atordoado. Estarrecido.
O Cordeiro que achava ser tão típico
Tão meu! Tão meu!
Também à mesa de “Cornelius”
Partido e repartido!

Oh! Vem Pedro, vem!
Senta-te conosco à mesa
Ceias com os estrangeiros!
Os animais já estão limpos!
As mãos já estão limpas!

Sim! Venho e me deleito!
O Senhor mostrou-me
Que a nenhum homem
Eu chame imundo!

Vou comer essa carne suculenta
Vou desnudar a minha alma
E festejar a dança
Celebrar a vida
Já não suporto essa roupa
Não sou boneco de cera
Não sou o palhaço
Que se esconde atrás de um espelho
Não vou cultuar o culto que não quero
Caso contrário não seria em espírito e em verdade.

Sim!
Sou aquele filho que disse o “Não”
Sim!
O mesmo que fez o “Sim”
Pois não quero ser o filho mentiroso
Disse que ia, mas não foi.
Cantou, mas não adorou.
Eu sou aquele pássaro que canta
No recôndito da floresta negra
E não sabe que adora a Deus
Ninguém o sabe
Pois todo ser que respira louve ao Senhor!

Senhor, eu sou o filho pródigo!
Não foi em minha própria casa que te conheci
Foi no poço em que caí
No poço da minha própria alma
Na lama de minhas paixões
E tu estavas lá também
No mais profundo abismo.
Mas eu não.
Eu era um desalmado.
Uma imitação, uma coreografia.
A repetição enfadonha
Apenas a letra e a pedra
Um violão lustrado

Agora sou o violeiro!
Dizem que sou poeta
E tu, Senhor! Só Tu sabes
Como venho a ti!
E venho mesmo como estou
“Porque Jesus por mim morreu,
Eu venho como estou”!
A alma partida, mas inteiro
A quem não veio
Esmagar a cana quebrada!
Estou entre as meretrizes
E os publicanos:
Os últimos da fila.
Eles precederão os sacerdotes.
E tu, Senhor!
A Tua Graça me basta!


Atos 10; Mateus 21: 18-32