quinta-feira, 1 de abril de 2010

A Lâmpada do Desejo

No deserto de minha cama
Sob o lençol quente minha mão
Como adentra Aladim na gruta escura
Sombra úmida, muda, misteriosa
Serviçal da ambição do feiticeiro

No esfregar da lâmpada
No expelir-lhe o pó
Ejaculou o bico fálico uma fumaça
Na fumaça o desejo
No desejo o direito
Um dever a três pedidos

Clitóris
Clitóris
Clitóris,
proferiu minha última gota de saliva

Perplexa e contraditoriamente
Questionou o gênio pela primeira vez
O exagero de desejo tão exótico

Acaso não foi-me concedido o tal direito?
À luz da vela a espermar-se na escuridão
Desculpou-se ajoelhada a razão
Ante a prece tão erótica
Perdão!

O primeiro.
Para o céu da minha boca
Como bala de cereja

O segundo.
Na ponta da minha orelha
A do lado esquerdo
Lembre-se, seu gênio, tal pedido é meu direito.

O terceiro.
Ah! O terceiro...
Quero um clitóris alado
Semente no bico de Fênix
Broto mágico a florescer-me um oásis
Das cinzas do deserto
É certo
Arrastar-me-ia como um tuaregue
A cada passo
Contaria cada grão de areia
Como se fosse cada grão
Cada poro daquele corpo
E cada poro fosse
um clitóris
Da mulher de quem tenho sede.