Acordei. Abri a janela.
_ Bom dia, Sol! O que temos pra hoje? Qual é a boa?
Lembrei do meu mano e dei uma gargalhada. É que de repente minha mente viu aquele cara discursando curto e grosso:
_ Rotina o caralho. Meu nome é Zé Pequeno!
Fiz a oração do dia:
Senhor,
Guarda-me hoje. Guarda-me de ser normal. Não quero ser normal. Deixa-me assim, louco. Porque isso também é muito pouco. Tira de mim essa camisa de força da normalidade.
Livra-me, ó Deus, da tentação. Da tentação de ser normal.
Pai, abra meus olhos, para que eu não ache normal ver um bêbado caído na sarjeta, fritado ao sol do meio-dia. Não me deixes passar por pessoas que eu vejo todo santo dia sem olhar-lhes nos olhos, sem saber-lhes o nome. Faz-me, Senhor, sempre lembrar que naquele relógio biométrico eu deixo minha digital.
Não, Senhor, não quero ser normal, não quero ser covarde. Eu sei que hoje o Senhor reservou-me uma novidade. Dá-me, Espírto Sagrado, um coração sábio e temperante. Ajuda-me a não revidar a hostilidade do outro na mesma medida. Se cair nessa tentação, eu lhe serei igual. Coitado, ele acha isso normal. Não, Deus, não me deixes ser igual, não quero ser normal.
Não quero o conforto da normalidade.
Se eu tiver que soltar um "Puta que pariu!"
Que seja apenas de felicidade.
Amém!
