Se o amor não existe, eu o invento
Se a verdade do mundo inteiro afirmar que não existe amor,
Eu vou mentir da forma mais descarada
Forjarei um vestígio arqueológico
Eu vou dar um grito
Vou criar um mito
E ainda direi que dele não sou o autor
Se a lucidez convencer a todo homem de que amor é um devaneio
Então serei louco, doido mesmo
Doido de jogar flores
Esquizofrênico que tem alucinações, que fala sozinho como se falasse com alguém
Serei eternamente o menino com seu amigo imaginário
Se a ciência comprovar categoricamente que o amor não existe
Serei eu um oligofrênio
Se a democracia votar na exclusão do amor
Eu crio a ditadura da solidão
Se os povos da Terra se reunirem num ritual canibalesco
Em adoração a um deus sem amor
Oferecerei eu as minhas carnes por sacrifício
Se a vida inteira se passar sem a presença de amor
Que me seja a morte um sono e que toda a vida que se passou, o mais terrível de todos os pesadelos
Que o último suspiro me seja um orgasmo
Eu morrerei com prazer