sexta-feira, 20 de abril de 2012

Eureka


Se o amor não existe, eu o invento

Se a verdade do mundo inteiro afirmar que não existe amor,

Eu vou mentir da forma mais descarada

Forjarei um vestígio arqueológico

Eu vou dar um grito

Vou criar um mito

E ainda direi que dele não sou o autor

Se a lucidez convencer a todo homem de que amor é um devaneio

Então serei louco, doido mesmo

Doido de jogar flores

Esquizofrênico que tem alucinações, que fala sozinho como se falasse com alguém

Serei eternamente o menino com seu amigo imaginário

Se a ciência comprovar categoricamente que o amor não existe

Serei eu um oligofrênio

Se a democracia votar na exclusão do amor

Eu crio a ditadura da solidão

Se os povos da Terra se reunirem num ritual canibalesco

Em adoração a um deus sem amor

Oferecerei eu as minhas carnes por sacrifício

Se a vida inteira se passar sem a presença de amor

Que me seja a morte um sono e que toda a vida que se passou, o mais terrível de todos os pesadelos

Que o último suspiro me seja um orgasmo

Eu morrerei com prazer