Não dou a mínima para o máximo
As coisas mínimas, simples
Pequeninas, despercebidas aos olhos baços
Marejados de cobiça
De tão gulosos não degustam a vida
Se morasse num palacete
Sentiria saudade do casebre
E num leito ardendo em febre,
Nada mais desejaria
Apenas me bastaria
A morte
Quem sabe um pouco de sorte
Pra viver um tanto mais
Mais um tiquinho
Sentir no último suspiro
O torpor de tempos vividos
O torpor de tempos vividos
Um último aroma
Quiçá de uma flor ou de um livro
Uma maçã ou um cacho de uva
Ou melhor, talvez, o cheiro da chuva
Da terra
De terra molhada
De terra molhada
O cheiro de erva
Da mirra esmagada
Ah! Da brisa do mar.
Ah! Da brisa do mar.
Cardamomo, coentro, alho, cominho
O bouquet de um bom velho vinho
Da boca o hálito quente
O olor da pele, cheiro de gente
O aconchego do colo
O calor dos seios
A acolhida que sara feridas
Um beijo, um sopro de vida,
Enfim, o derradeiro suspiro.